sábado, agosto 26, 2006


REFLEXOS DO TEJO
O sol vai rompendo devagarinho. Por entre os frondosos salgueirais, o nosso Tejo desliza de mansinho.
Rio com vida, ora calmo, ora traiçoeiro, que rege a vida do homem ribatejano.
Os pássaros que coabitam com o rio, patos coloridos, alfaiates, garças, vão sacudindo as asitas, como que a dizer - bom dia, chegámos - !
Que momento mágico, os chilrear dos pássaros no início da manhã orvalhada, sentindo-se o despertar da Mãe Natureza!
Sobre a lezíria, com os seus campos da borda d`água, tudo se altera e vai ganhando vida vida e movimento.
O sol, esse, vai-se reflectindo, aquecendo e iluminando, todo s os locais por onde passa em todo o seu explendor.
o homem, cujo trabalho não lhe morre nas mãos, vai deitando as sementes á terra, de onde mais tarde irá recolher o seu sustento e de todad a família.
É assim o nosso Ribatejo, onde tudo se conjuga em harmonia: terra, homens, trabalho e animais.
Vou caminhando em jeito de passeio, numa antiga "pasteleira" de meu pai , pela estrada fora que vai dar ao Patacão . Ao longe já se avista a pequena aldeia palafita outrora habitada por famílias de pescadores vindos da Vieira de Leiria e que por cá ficaram e criaram raízes, onde já nasceram os filhos que vão dando continuidade á sua descendência ao longo de gerações.
Com o passar dos anos, as famílias foram-se mudando para a Vila de Alpiarça, deixando para tráz a aldeia e a pesca, iniciando depois uma vida totalmente dedicada á agricultura.
Eles foram: os Branhas, os Fernandes, os Pelarigos, os Grilos, os Moreiras...
Lembro-me de meu pai me contar que quando um farco saía para a faina da pescano rio Tejo, assim como para a Vala de Alpiarça, o casal (marido e mulher), trabalhavam em conjunto. Ela remava e ele deitava as redes ao rio, ou vice-versa. Alguns dos seus filhos nasceram dentro dos próprios barcos. Eles tinham que pescar, pois era o seu ganha-pão e sustento da família.
Na manhã do dia seguinte, era vendido nas bancas do mercado municipal. Lá estava a bela fataça, a enguia, o achigã, o barbo, o sável e a carpa, expostos na banca, frescos á espera que alguém passe e compre.
O meu coração bate mais forte, quando falo do nosso querido Ribatejo, suas gentes e tradições.
Sem querer ser saudosista, gosto de lembrar esses tempos em que tudo era tão puro e verdadeiro e que agora já não existem. Fica-nos só a saudade...

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