segunda-feira, dezembro 03, 2007




PRELÚDIO



Pela estrada desce a noite
Mãe -Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.


Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...

É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.

É a tua voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...



Alda Lara

4 comentários:

greentea disse...

a saudade de África dói-me também...

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Ana. Bonita rosa,belo poema bjos do amigo Chana.

José Carreiro disse...

TEMAS DE ESTUDO EM TORNO DA POÉTICA DE ALDA LARA:

- Auto-representação do “eu”.

- A imagética feminina: inconformismo vs destino de mulher.

- Uma educação para os valores: solidariedade, fraternidade, generosidade, evangelismo…

- Representação de África: os lugares de afecto, enfeitiçamento e amor pátrio.

- Um olhar sobre o outro (o objecto de desejo amoroso).


http://lusofonia.com.sapo.pt/alda_lara.htm
José Carreiro

José Carreiro disse...
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