PRELÚDIO
Pela estrada desce a noite
Mãe -Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...
É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...
Alda Lara
4 comentários:
a saudade de África dói-me também...
Olá Ana. Bonita rosa,belo poema bjos do amigo Chana.
TEMAS DE ESTUDO EM TORNO DA POÉTICA DE ALDA LARA:
- Auto-representação do “eu”.
- A imagética feminina: inconformismo vs destino de mulher.
- Uma educação para os valores: solidariedade, fraternidade, generosidade, evangelismo…
- Representação de África: os lugares de afecto, enfeitiçamento e amor pátrio.
- Um olhar sobre o outro (o objecto de desejo amoroso).
http://lusofonia.com.sapo.pt/alda_lara.htm
José Carreiro
Enviar um comentário