sexta-feira, agosto 27, 2010

ALDEIA DO PATACÃO / ALPIARÇA / RIBATEJO













(fotos minhas)
Construções palafitas

Designa-se palafita a um tipo de habitação construída em madeira cuja
plataforma assenta sobre estacas verticais, em lugares pantanosos ou nas
margens de lagos ou rios.
A origem destas construções remonta à pré-história, concretamente às
civilizações do neolítico. Estavam ligadas, naturalmente, a questões de
segurança que tinham que ver com o perigo dos ataques de animais.
Ainda hoje se constroem casas palafitas mas por motivos relacionados com
factores climatéricos, com é o caso das regiões alagadiças e pantanosas,
procurando assim minimizar, de modo engenhoso, os prejuízos dos recorrentes
alagamentos, como são as regiões pantanosas no Brasil; ou por razões que se
prendem com a prática intensiva da pesca como, são exemplo, as casas
palafitas na China.
Na nossa região, as casas palafitas subsistentes encontram-se, na sua maioria,
em estado de abandono. Este casario fora construído nas zonas ribeirinhas por
pequenas comunidades piscatórias, chamadas pejorativamente (“à boca
pequena”) de cagaréus, que estando próximas do seu meio de subsistência,
tinham assim um meio de se protegerem das cheias.
Do ponto de vista técnico, o sistema palafítico era construído em madeira,
regra geral, segundo uma planta rectangular, de dimensões modestas e com a
sua base assente em troncos de árvores fixados ao chão. A cobertura das
casas era também de madeira. O pavimento interior era revestido com barro,
de forma a permitir o recurso ao fogo, à época, indispensável. Exteriormente,
tentava-se contrariar a simplicidade destas construções, embelezando-as com
colorações garridas, característica que lhes confere uma feição pitoresca.
Alguns exemplos destas aldeias ainda podem ser observados em Santarém,
concretamente na aldeia da Caneira; no Cartaxo, aldeia da Palhota; em
Alpiarça, aldeia do Patacão; em Salvaterra de Magos, aldeia de Escaroupim.
Noutros casos, o pequeno aglomerado piscatório resume-se hoje a uma ou
duas casas palafitas, como é exemplo a aldeia da Azinhaga na Golegã.
Em Constância, na margem direita do Tejo, observam-se duas casas com
sinais de estarem habitadas. Embora um pouco descaracterizadas, ao nível
dos materiais empregues (o cimento e a telha), mantêm a sua tipologia
palafítica e, por isso, não passam indiferentes.
Noutros casos ainda, destas construções, já só resta a memória, passível de
ser recolhida em fontes orais.
Este património ribeirinho subsistente constitui um notável testemunho da
relação de proximidade que o homem estabeleceu com o rio. Por conseguinte,
deveria, ser contemplado nas acções de valorização e dinamização das zonas
ribeirinhas que estão a decorrer. Pois, na verdade, o seu desaparecimento é
veloz.
(Texto de Ana Paredes Cardoso, publicado no jornal ABARCA, Fevereiro de 2007 , retirado da net)