sábado, agosto 22, 2009


UM VAZIO NO TEMPO

"Numa das últimas vezes que estive na Expo de Lisboa, descobri estranhamente uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele espaço se tratava dum templo grandioso.
Quase como um espanto senti uma sensação que nunca sentira antes e de repente uma enorme vontade de rezar não sei a quê ou a quem. Fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto e tudo o que pensava só podia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me ia envolvendo no meu corpo adormecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz.
Quando os meus olhos se abriram, aquele meu Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só ele conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta corri para a beira do Tejo para dar um berro de gratidão com a minha alma e sorri para o Universo.
Aquela vírgula no tempo, foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida, que me fez reencontrar e que me deu a esperança de que num tempo que seja breve, me volte a acontecer."Que esse Deus assim queira!"

Autor: Raul Solnado


texto sublime que foi escrito por Raul Solnado e colocado sob o seu caixão. Não podia deixar de o transcrever aqui, pois é uma mensagem muito forte de amor e fé de um homem simples e ao mesmo tempo grandioso e generoso, que marcou muitas gerações.Obrigado Raul.

sexta-feira, agosto 21, 2009

O PAUL DOS PATUDOS ESTÁ EM FESTA
ANIVERSÁRIO
21 DE AGOSTO 2006 / 21 DE AGOSTO 2009

quinta-feira, agosto 20, 2009


X

Não é como se a mão hesitasse no gesto fundador.
O movimento espera que um astro se incendeie
em todos os tendões
para que nenhuma palavra seja o frio nexo da loucura
ou o vento soprado como sangue.
Uma pedra sobre a boca pode ser o único sustento
para essa fome.
Mas a mão que escreve avança como faca
arrancando à garganta o seu êxtase carbonizado.
A violência é a religião de Deus.

XVI


De cada vez que um de nós morre
há uma faca apontada às jugulares:
o silêncio como mantimento.

A morte equilibra-se em nossos corações
com o deslumbramento.

Há-de haver um corpo que transite de alma em alma
e em cujos olhos se alumie a força brutal da mesma vida.
Há-de haver uma voz desvairada que se derrame como napalm
sobre a noite que nos envolve.
Por agora não sei como tocar a distância de onde nos falam.

Autor: João Moita

in : " O Vento Soprado como Sangue"

imagem tirada da net


segunda-feira, agosto 17, 2009

JÁ ESTÁ À VENDA O NOVO LIVRO DO ESCRITOR E POETA ALPIARCENSE
JOÃO MOITA
" O VENTO SOPRADO COMO SANGUE"




Está disponível o novo livro de poesia do jovem poeta alpiarcense João Moita.
"O vento soprado como sangue", com a chancela da Cosmorama e posfácio de valter hugo mãe. A belíssima foto da capa é do fotógrafo Antoine Pimentel. O livro pode já ser encomendado através deste link. Haverá uma sessão de apresentação em Alpiarça em data e local a anunciar.