quarta-feira, setembro 24, 2008

Os meu queridos pais em tempo de namoro à porta de casa. Ambos com 18 anos



Esta fotografia é a mais antiga que o meu pai tem. Aqui só tinha 20 anos.

As carroças têm as rodas em ferro e as mulas no dia do Cortejo de Oferendas das Festas das Vindimas de Alpiarça, saíam para a rua todas enfeitadas. O meu pai quando fala disso, enche o peito de orgulho e os olhos brilham de contentamento .Gosta de recordar estes factos, parece que fica mais novo .

O meu pai é um contador de histórias nato, ainda me lembro de estar sentada à lareira , depois do jantar , onde ele me contava histórias da sua infância e dos seus tempos de tropa. eu ficava embevecida a escutá-lo, nunca me cansava de o ouvir. Perguntava-lhe sempre:

-E depois pai, e depois, o que aconteceu?

Ele respondia : Por hoje já chega, pois amanhã tens de te levantar cedo para ires para a escola, vá lá,vai-te deitar.

Eu tive uma infância muito feliz e devo isso aos meus pais.Para todo o sempre lhes serei grata pela educação recebida com base na honestidade,na humildade, na responsabilidade e no carinho e amor que me transmitiram, OBRIGADO.

A vossa filha que vos ama

Ana Paula

terça-feira, setembro 23, 2008

JOAQUIM JORGE / ALPIARCENSE,
JORNALEIRO, REFORMADO
Esta é a minha modesta mas sentida homenagem a todos os homens Trabalhadores Rurais de Alpiarça. Antigamente eram chamados de Jornaleiros, pois trabalhavam à jorna, quer isto dizer, contratados numa praça onde se encontravam trabalhadores e agricultores e onde era licitado o dinheiro que iriam ganhar como salário. Era assim que se procedia antes do 25 de Abril por terras do Ribatejo. O meu pai faz parte desses homens que trabalhavam a terras e conduziam as carroças e as mulas, por esses campos fora. Foram tempos difíceis esses ...
Faça sol ou faça chuva, o trabalho dos campos tem de ser feito. Quando criança, nunca frequentou a escola, pois tinha que ajudar os pais e foi colocado a trabalhar muito cedo ( hoje seria considerado exploração infantil), mas no tempo de Salazar tudo era possível e só os ricos iam para a escola.
Eram cinco irmãos ( um já falecido) e o avô Quim, (como é chamado carinhosamente pelo neto mais pequenito) era o filho mais velho.
O meu pai sempre foi dono de uma saúde frágil, mas nunca parou de trabalhar, pois tinha quatro filhos para criar . A minha mãe como doméstica, estava em casa a criar os filhos, sabes Deus com que dificuldades...
Hoje o meu pai é reformado com uma pensão de duzentos e poucos euros , depois de uma vida de trabalho duro, onde grande parte dessa pensão, vai para os medicamentos que tem de comprar ( uma miséria).
Quando se reformou decidiu não parar, pois o dinheiro era pouco e arranjou uma banca no Mercado, começou a vender as suas plantas e hortaliças criadas biológicamente, sem químicos ou pesticidas, da sua horta.
É uma história de vida muito resumida e se fosse aqui toda contada, daria um livro ou um filme.
Assim tem sido a vida do Joaquim Jorge, nascido em 1923, hoje com 85 anos, pai de quatro filhos, numerosos netos e netas e já alguns bisnetos. Uma vida simples , feliz apesar das dificuldades, mas um lutador. Ao meu Pai e aos homens que trabalham a terra dos campos de Alpiarça, como ele, a minha Homenagem.

A bicicleta faz parte da vida dele, agora com três rodas para melhor segurança, aqui com 85 anos

A cumplicidade de uma vida a dois que já dura 65 anos

O Joaquim e a Joaquina

Nunca pára, pois há sempre alguma coisa para fazer na horta



Vai dar folhas de couve ao coelhitos


A velha pasteleira...


Aos 39 anos , na sua pasteleira...


Adorava ir às Feiras e tirar uma fotografia à la minute com os filhos ( aqui com meu irmão mais velho, Rui agora com 66 anos)

Nas areias da Costa da Caparica , quando ainda era uma das melhores praias do País.

Aqui eu tinha 10 anitos


Não sei porquê, mas tinha sempre de tirar a fotografia montada num cavalo.

Aqui eu tinha 6 anitos

O avô Joaquim com os seu 48 anos, muito charmoso, não acham?


Antes do 25 de Abril aqui em Alpiarça haviam as Festas das Vindimas, onde se desfilava em cortejo, com carroças carregadas de dornas de uvas , oferecidas pelos agricultores à Santa Casa da Misericórdia . O meu pai conduz a carroça da frente.



Apesar da vida dura que levou, sempre a viveu de forma intensa e dedicada.




domingo, setembro 21, 2008

ODE AO FOGO
Tem o seu explendor a luz que inflama
O altivo abeto fulminado
E o tremor da pequenina chama
Que vacila em fósforo esgotado
Coração de homem, fica esperto,
Fogo se juntares, não é igual
Vela pálida ou raio certo
Do farol que alumbra o temporal.
autor do poema: Nicolai Labis

EU PODIA ESCOLHER

Não tinha ideia.

Escolhi a paz.

A verdade e a beleza

deixei-as ir,

e também a sageza e a nostalgia -

até o amor,

que tão embevecido me olhava,

negras nuvens com ele se deslocavam.

Paz, era paz.

e nos recônditos da minha alma

dançavam seres

de que nunca tinha sequer ouvido!

E no céu pendia um outro sol.

Autor do poema: Toon Tellegen ( Países Baixos)


As fotos são minhas e os poemas são extraídos do livro:

"Rosa do Mundo 2001 poemas para o futuro"