segunda-feira, outubro 15, 2007

A VOZ DA TÍLIA

Diz-me a tília a cantar:« Eu sou sincera,

Eu sou isto que vez: o sonho, a graça;

Deu ao meu corpo, o vento quando passa,

Este ar escultural de bayadera...

E de manhã o Sol é uma cratera,

Uma serpente de oiro que me enlaça...

Trago nas mãos as mãos da Primavera...

E é para mim que em noites de desgraça

Toca o vento Mozart, triste e solene,

E à minha alma vibrante, posta a nu,

Diz a chuva sonetos de Verlaine...»

E, ao ver-me triste, a tília murmurou:

« Já fui um dia poeta como tu...

Ainda hás-de ser tília como eu sou...»

Autor: Florbela Espanca

5 comentários:

Maria disse...

Embora duvidando do que "disse" a tília, não deixa de ser um belo poema.....
... ou não fosse Florbela....

Boa semana para ti, Ana Paula
Beijinho

Zé-Viajante disse...

" Diz a Ana, poesia da melhor, "

greentea disse...

não leio muito Frorbela

mas oiço bastante Adriano, sempre o ouvi mesmo qd não era permitido

Paula Raposo disse...

Bela foto! Beijos.

amigona avó e a neta princesa disse...

Grande poeta! Como outros, hoje e sempre recordados! Beijo...