domingo, agosto 27, 2006


A MINHA VIAGEM ASTRAL
Conto


São 12.00 horas de um dia qualquer do mês de Maio do ano 2006. Na rádio passam as músicas de sempre, repetidas ao longo do dia, que já nem tomo atenção a nenhuma delas. Nestas horas que vão passando, perfilam-se na minha mente imagens e assuntos que me levam a pensar na vida. Nesta vida que me foi entregue para eu gerir durante xis anos.
Nem sempre foram utilizados da forma que os desejei, que os sonhei. Eis que me surge uma revolta interior. Porquê? Porque não fui pelas pistas dadas pelo meu coração? Porquê? E agora o que faço?
Sinto um nó na garganta e os olhos teimam em deixar sair as lágrimas, que já nem consigo controlar. Malvado Ego que insiste em controlar tudo! Não o suporto mais, nem lhe quero dar a importância que não tem. Tudo é muito mais limpo, quando não é controlado por ele.
Como desejaria ter estado mais presente, em certas ocasiões. Neste momento, gostaria de abraçar e envolver a minha filha, como se asas de anjo tivesse e dizer-lhe o quanto a amo e nunca a deixarei de amar, apesar da distância. Filha, quando li os teus poemas, foi como se visse um apelo ao Mundo, uma alerta para te darem o amor de que tanto sentes falta. Os teus apelos são de uma tristeza tão profunda... nunca te abandonarei!
De seguida penso: onde é que eu errei? Continuo a questionar-me de novo, porque não segui os alertas do meu coração quando me dava sinais para mudar de direcção? Será que tudo faz parte do meu karma, ter de passar por todas estas emoções?
Tantas interrogações. E este vazio interior e esta solidão tamanha que não pára de me atormentar.
Eis que coloco uma máscara e tudo se transforma em felicidade. As imagens, essas desfilam na minha frente, teimosamente sem parar. De repente, eis que surgem imagens de um casal, que outrora foi feliz e cujo agora, é tão desprovido de sentido e conteúdo. Mais um vez o Amor teima em fugir, em não estar presente, é um ciclo que se vai tornando repetitivo e constante, deixando um cansaço até á exaustão.
Entretanto, os dias passam vazios, uma repetição de gestos e atitudes quase programadas como se um computador se trata-se: levantar, comer, trabalhar, comer, ver televisão, fazer sexo (não amor) dormir e voltar a carregar no botão e executar “copy past” para os dias que se segue.
Não há coragem para inverter a situação, não há forças. Atrás dum gesto assim, surgiria o sofrimento de alguém. Não quero isso , mas... e a minha vida, a minha auto-estima onde fica? Basta!! Passamos a vida entre a espada e a parede! Por mais que grite, me agite me agrida, nada muda. Então paro o meu queixume. Não vale apena o lamento.
Do dicionário saltam palavras como: resignação, acomodação, medo da solidão. Mas eis que a mente me diz em surdina:
- A escolha ...
- Faz a escolha ...
- A escolha ... a escolha...
E eu respondo:
- Não posso ...
- Não sou capaz ...
- Agora não ...
- Quem sabe um dia ...
São sonhos adiados, sonhos não realizados.
Mas eis que acordei de repente. Dei comigo estendida na minha cama. Sorri... sorri sem parar...
Tudo não passou de um sonho. Respirei aliviada.
E eu sorri para a vida, a minha vida!
Obrigado, Jesus, por mais esta oportunidade de viver mais um dia. Obrigado por esta longa Viagem Astral por este Universo de Luz.

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